quarta-feira, 30 de setembro de 2009

INJUSTIÇA NA TERRA FIRME - Nota da Comissão Justiça e Paz - TF

A Comissão Justiça e Paz da paróquia São Domingos de Gusmão vem a público denunciar o ato de injustiça cometido por agentes de segurança pública do estado do Pará, policiais militares, da 11ª Zona de policiamento. Estamos nos pautando nos depoimentos de familiares das vítimas e no abaixo-assinado de mais de cem pessoas que testemunharam o episódio. Vamos descrever com o detalhe o ocorrido:
No dia 21 de setembro de 2009, por volta das 21h e 30 minutos, na passagem D. Eliseu, no bairro da Terra Firme, ocorreu uma intensa troca de tiros entre policias militares e acusados de roubos de um veículo, que vitimou o Sr. Carlos Augusto Castro dos Santos, morador da passagem D. Eliseu, 55, fundos. O mesmo foi atingido por um tiro que perfurou a parede de sua casa e posteriormente atingiu o joelho direito, no momento em que estava colocando o cadeado em sua bicicleta. Vale ressaltar que a vítima estava em trajes íntimos (cueca), pronto para o banho.
Os familiares, no desespero, pediram auxilio aos policiais que estavam na operação. Os agentes de segurança interpelam a irmã da vítima perguntando o que tinha ocorrido, ela relatou que o seu irmão tinha sido atingido por uma bala, os policias o acusaram imediatamente de envolvimento no crime, desconsiderando a alegação dos familiares que afirmaram que o Sr. Carlos Augusto estava dentro de sua residência guardando sua bicicleta e se preparando para o banho.
A vítima sofreu uma série de agressões físicas por parte dos policias que queriam que o mesmo afirmasse que estava envolvido no assalto, observando o ato, seu irmão adolescente tentou socorrer o irmão, afirmando sua inocência, os policias jogaram spray de pimenta no adolescente.
Um amigo da vítima tentou socorrê-lo e também foi agredidos pelos PMs levando uma coronhada na cabeça e teve o cabeça puxado. A esposa da vítima também foi agredida fisicamente, sendo atingida no braço esquerdo e no estômago. Uma vizinha que gritava desesperadamente para que os policias parassem de agredir a vítima, pois o mesmo não era bandido. Essa senhora também foi agredida pelos policiais.
Todas os agredidos foram fazer exame de corpo de delito e a denúncia foi encaminhada a corregedoria da policia militar a a promotoria de justiça e direitos humanos.
A vítima atualmente está presa na seccional de São Braz, sob alegação de envolvimento no crime que desencandeou a operação da P.M, que não conseguiu prender os verdadeiros envolvidos, e, no afã de prestar contas à sociedade, prende um INOCENTE.
O Sr. Carlos Augusto Castro dos Santos (vítima, segundo a população local, em abaixo abaixo-assinado com mais de 100 assinaturas, e acusado, segundo meia dúzia de policias...) está em estado de saúde bastante debilitado, pois a bala ainda se encontra alojada no seu joelho direito, o mesmo sentindo febre e constantes dores no corpo e muita tosse, pois na cela em que ele está, muitos detentos estão doentes, pois sabemos a realidade da população carcerária no nosso estado.
Durante muito tempo nosso bairro sofre com o estigma de ser um dos mais perigosos de Belém, mais não podemos admitir esse tipo de injustiça, pois a generalização de que aqui só tem “bandidos” é uma leitura preconceituosa da realidade, temos muitos valores e pessoas de bem que ajudam a construir esse território, como é o caso do Sr. Carlos Augusto Castro dos Santos, marceneiro, pai de três filhos, residência fixa e nunca se envolveu em qualquer tipo de crime e, numa ação desastrosa dos agentes de segurança, que devem nos proporcionar a paz, foi vítima de baleamento e, de vítima passou a ser acusado...
Lutamos para que nossos agentes de segurança sejam os mais qualificados possíveis, que sejam bem remunerados (apoiamos a aprovação da PEC -300, que equipara o salário dos policias semelhante aos do D.F), mais não podemos admitir esse tipo de INJUSTIÇA.
Acreditamos no bom censo da nossa corregedoria para apurar com isenção o caso em questão.

IMEDIATAMENTE QUEREMOS:

· Tratamento médico digno para que ele seja transferido urgente ao um hospital;

A Comissão Justiça e Paz da Terra Firme, órgão da igreja católica que atua na defesa da vida, sempre lutou pela paz e contra as injustiças, queremos que esse tipo de episódio não volte a ocorrer, pois acreditamos ser possível uma segurança pública que atenda a comunidade sem coação, mas com parceria e responsabilidade.

Francisco Batista (coordenador)

Informações: 87024824 (Gracilene) / 8185 5215

Obs: Essas informações estão baseadas nos documentos do ministério público do estado, através da promotoria de justiça e direitos humanos e no relato de familiares da vítima.